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terça-feira, 16 de agosto de 2011

MARCHA DAS MARGARIDAS

Milhares de mulheres vindas de vários lugares do país participaram de debates, oficinas, apresentações culturais e a Mostra Nacional de Produtos das Trabalhadoras Rurais durante o primeiro dia da Marcha das Margaridas.Já nesse primeiro dia de Marcha as Margaridas mostraram sua força, organização e resistência, transpondo para Brasília suas estratégias de luta cotidiana para um mundo igual para as mulheres trabalhadoras rurais.Aconteceram dois painéis que discutiram um modelo de desenvolvimento para o Brasil que também considere as mulheres e princípios como justiça, autonomia, igualdade e liberdade. Além dos painéias foram realizadas várias oficinas que contribuiu para aprofundar o debate sobre um projeto de sociedade que tenha como central a igualdade entre mulheres e homens.A mostra nacional com os produtos das Margaridas de todo o Brasil deu visibilidade ao trabalho produtivo realizado pelas mulheres rurais e à produção da agricultura familiar. A agricultura familiar é responsável por grande parte da alimentação que chega diariamente à mesa dos brasileiros.Uma exposição de fotos passeou pela história de luta das Margaridas ao longo desses 10 anos de caminhada rumo à Brasília em busca e em construção de uma sociedade igual para homens e mulheres do campo e da floresta.No lançamento da Campanha contra os Agrotóxicos foi exibido o documentário “O veneno está na mesa” do documentarista e cineclubista brasileiro Silvio Tendler. O filme traz um debate importante sobre o uso de agrotóxico no país, pois o Brasil é o campeão mundial no uso de veneno em sua produção, uma média de 5,2 litros de veneno ao ano por cada habitante.À noite Margareth Menezes encerrou a programação com um show dedicado para as Margaridas. Neste show vozes de vários timbres e sotaques ecoaram quando a baiana cantou a música lema da Marcha das Margaridas. “Olha Brasília está florida…”, cantaram todas juntas na cidade das Margaridas.Hoje cedo recomeça a programação e Brasília, não somente o Parque da Cidade, amanhecerá florida com as margaridas alegres e em luta.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

DIREITOS SÓ PARA FILIADOS


Empregado que não contribui com sindicato não tem direito aos benefícios previstos em Convenção Coletiva
O Juiz da 30ª Vara do Trabalho de São Paulo sentenciou como inaplicável as vantagens negociadas para a Convenção Coletiva de Trabalho aos empregados não sindicalizados. Ou seja, a aqueles que não contribuem com a entidade sindical de sua categoria não cabem também o direito de usufruir dos benefícios previstos na Convenção Coletiva. A sentença proferida é referente ao processo nº 01619-2009-030-00-9, item 6.Em sua transcrição, o Juiz Eduardo Rockenbach Pires defendeu o trabalho das entidades sindicais e destacou a importância da participação do trabalhador da categoria. “Item 6 - O autor sustentou não ser sindicalizado e, por isso, negou-se a contribuir para a entidade sindical dos trabalhadores. A despeito disso, não menos certo é que as entidades sindicais devem ser valorizadas, e precisam da participação dos trabalhadores da categoria (inclusive financeira), a fim de se manterem fortes e aptas a defenderem os interesses comuns. Aliás, como qualquer associação de particulares.”Baseado neste argumento, o Juiz disse ser justo que o autor não se beneficie das vantagens negociadas pelo sindicato a favor da categoria, já que o mesmo se recuse em contribuir com a entidade. “Por estas razões, não procedem os pedidos pertinentes a direitos previstos na convenção coletiva de trabalho, conforme os tópicos respectivos”, conclui o Juiz referente ao item da Inaplicabilidade da Convenção Coletiva de Trabalho
Cabe ressaltar que a sentença citada serve como parâmetro para outros processos, reforçando os objetivos do sistema sindical e destacando ainda mais a importância das negociações e das convenções coletivas de trabalho.

Contribuição de Rogerio Braz - Comerciario de Joao Pessoa

O ECLIPSE DO PAI

A complexa divisão social do trabalho, a participação das mulheres na vida pública e sua dura crítica ao patriarcalismo e ao machismo vigente, trouxeram uma crise à figura do pai. De certa forma surgiu uma sociedade sem pai ou do pai ausente. O eclipse da figura do pai, entretanto, desestabilizou a família tradicional. O aumento dos divórcios, importa reconhecer, acarretou conseqüências, por vezes, dramáticas. Estatísticas oficiais recentes nos EUA referem que 90% dos filhos fugidos de casa, ou sem moradia fixa, eram de famílias sem pai. 70% da criminalidade juvenil provinha de famílias onde o pai era ausente. 85% dos jovens em prisões cresceram em famílias sem pai. 63% de jovens suicidas tinham pais ausentes. A falta da figura do pai desestrutura os filhos/filhas, tira-lhes o rumo da vida e debilita-lhes a vontade de assumir um projeto consistente de vida. Precisamos trazer de volta o pai. Para resgatar a relevância da figura do pai, se faz importante distinguir entre os modelos de pai e o princípio antropológico do pai. Os modelos variam consoante os tempos e as culturas: o pai patriarcal, tirânico, participante, companheiro, amigo. O princípio antropológico do pai constitui estrutura permanente, imprescindível para o complexo processo de individuação humana. Em todos os modelos, age o princípio antropológico do pai, mas sem se exaurir em nenhum deles. A crise dos modelos libera o princípio paterno para novas expressões. A tradição psicanalítica tirou a limpo a importância insubstituível do princípio antropológico do pai. A figura do pai é responsável pela primeira e necessária ruptura da intimidade mãe-filho(a) e pela introdução do filho(a) no mundo transpessoal, dos irmãos/irmãs, dos parentes e da sociedade. Nesse outro mundo, vige ordem, disciplina, autoridade e limites. As pessoas têm que trabalhar, realizar projetos e inventar o novo. Em razão disso, devem ter coragem, mostrar segurança e disposição para fazer sacrifícios. Ora, o pai é a personificação simbólica destas atitudes. É a ponte para o mundo transpessoal e social. Nessa travessia, a criança se orienta pelo pai-herói arquétipo que sabe, pode e faz. Se lhe faltar essa referência, ela se sente insegura, perdida e sem iniciativa. Pertence à figura do pai fazer compreender a diferença entre o mundo da família e o mundo social. Não há só aconchego, mas também trabalho; não só bondade, mas também conflito; não apenas ganhos, mas também perdas. Se os programas de entretenimento da televisão exacerbam o desejo, fazendo crer que só o céu é o limite, cabe ao pai mostrar que em tudo há limite, que todos somos incompletos e mortais. Operar esta verdadeira pedagogia desconfortável, mas vital, é atender ao chamado do princípio antropológico do pai, sem o que ele está prejudicando seu filho/filha, talvez de forma permanente. A partir de uma figura de pai bem realizada, a criança pode elaborar uma imagem benfazeja de Deus-Pai. A despeito das dificuldades, nunca faltam figuras concretas de pais que conhecemos, que se imunizaram da impregnação patriarcal e dentro da complexa sociedade moderna, vivem dignamente, trabalham duro, cumprem seus deveres de pais, mostram responsabilidade e determinação. Desta forma cumprem a função arquétipa e simbólica para com os filhos(as), função indispensável para que eles amadureçam o seu eu e, sem perplexidades e traumatismos, ingressem na vida autônoma, até serem pais e mães de si mesmos. Texto escrito por Leonardo Boff,teologo.