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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

CARTA AO PAPAI NOÉ

CARTA A PAPAI NOÉ
Luís CamposPoeta mossoroense . Seu moço eu fui um garotoInfeliz na minha infância Que soube que fui criança Mas pela boca dos outos. Só brinquei com os gafanhoto Que achava nos tabuleiro Debaixo dos juazeiro Com minhas vaca de osso Essa catrevage, sêo moço Que a gente arranja sem dinheiro.Quando eu via um gurizin Brincando de velocipe De caminhão e de gipe Bola, revólver e carrin Sentia dentro de mim Desgosto que dava medoFicava chupando o dedo Chorando o resto do dia Só pruquê eu num pudia Pegar naqueles brinquedo.Mas preguntei uma vez A uns fio de dotô Diga, fazendo um favô Quem dá isso pra vocês?Mim respondeu logo uns três Isso aqui é os presente Que a gente é inocenteVai drumí às vêis nem nota Aí Papai Noé bota Perto do berço da gente.Fiquei naquilo pensando Inté o Natá chegá E na Noite de Natá Eu fui drumi mim lembrandoAcordei fiquei caçando Por onde eu tava deitado Seu moço eu fui enganado Que de presente o que tinha Era de mijo uma pocinha Que eu mermo tinha botado Saí c’a bixiga preta Caçando os amigos meu Quando eles mostraram a eu Caminhão, carro e carreta Bola, revólver, corneta E trem elétrico, até Boneca, máquina de pé Mas num brinquei, só fiz vêE resolvi escrevêUma carta a Papai Noé.“Papai Noé, é pecado Os outro se matratá Mas eu vou le recramá Um troço que tá errado Que aos fio de deputadoVocê dá tanto carrin Mas você é muito ruim Que lá em casa num vai Por certo num é meu pai Que num se lembra de mim.Já tô certo que você Só balança o povo seu E um pobe qui nem eu Você vê, faz qui num vê E se você vê, porque Na minha casa num vem? O rancho que a gente tem E pequeno mas le cabe Será que você num sabe Qui pobe é gente também?Você de roupa encarnada,Colorida, bonitinhaNunca reparou que a minhaJ á tá toda remendada Seja mais meu camarada Prêu num chamá-lo de ruim Para o ano faça assim:Dê menos aos fio dos rico De cada um tire um tico,Traga um presente pra mim.Meu endereço eu vou dá,Da casa que eu moro nela Moro naquela favela Que você nunca foi lá Mas quando você chegá Que avistá uma paióça Cuberta cum lona grossa E dois buraco bem grandeUma porta véia de frande Pode batê que é a nossa.

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